sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Desculpa o Tchan! (II)

De fato, o que vemos hoje tocando em todas as rádios e boates, ainda por cima com direito a legenda no multishow faz o tchan da Carla Perez parecer brincadeira de criança. Mas o que podemos esperar de crianças que cresceram achando tudo aquilo bonito e normal? Estamos vivendo um processo de idiotização do ser humano, onde os valores materiais são mais importantes do que qualquer coisa, seja respeito ao próximo ou amor próprio, como é possível ver nos clipes onde há pelo menos 4 boazudas ostentando grifes famosas e se esfregando nos rappers, que por sua vez, fazem pose de bandido. Essa discussão sobre valores morais na música é velha e eu sou daqueles que defende que o sexo pode estar presente nas músicas sim, desde que haja o respeito ao ouvinte. Os trocadilhos sutis de outros tempos já não existem mais e o que ouvimos hoje nada mais é do que uma baixaria explícita e generalizada. O rapper americano tem no funk brasileiro o seu equivalente nacional, mas o funk brasileiro, com o mesmo nível de baixaria, é uma coisa menos difundida. Por um instante isso até me fez pensar que o Brasil não é tão ruim assim, mas depois caiu a ficha que é só uma questão de tempo até que nós tenhamos os nossos astros da música pornô anunciados como atração principal do Domingão do Faustão. Em suma, os idiotas brasileiros são pouco diferentes dos idiotas americanos. Daqui há 5 ou 10 anos, quando a grande indústria tiver arrancado tudo que poderia arrancar dessa moda e ela não estiver valendo mais nada, o que vai separar o rapper americano do rapper brasileiro é que o primeiro vai tentar se manter em evidência arrumando barracos na mídia ou em reality shows e o segundo se anunciando como evangélico.

Desculpa o Tchan!

Dias atrás eu pensei que se encontrasse a Carla Perez, as Sheilas, o Compadre Washington ou o Jacaré em algum lugar eu lhes deveria um pedido de desculpas.
Ultimamente, as cantoras que dominam o mercado musical mundial estão abusando muito mais da sensualidade e da sexualidade em suas letras do que o Tchan e seus clones já fizeram com suas - agora inocentes - letrinhas de duplo sentido.
Basta assistir a qualquer canal ou programa de videoclipes (alguns têm a tradução das letras) para constatar isso. As garotas se proclamam promíscuas, falam de sexo em níveis pornográficos e dançam como se estivessem se apresentando em um clube de strip-tease ou participando de uma orgia. Tudo isso vestindo as melhores griffes, ostentando os melhores carros e jóias e declarando amor por bandidos. Sim, hoje a moda é namorar bandidos, de preferência que já tomaram muitos tiros e tratam as mulheres como os cafetões.
E tudo isso com a complacência e admiração - tratam essas moças como divas - de quem achava a turma do Tchan, Tchum e Tchakabum vulgar!
Por isso acho que devo desculpas ao Tchan. Se elas vivessem na terra do Tio Sam, certamente já seriam divas milionárias, estrelas de primeira grandeza no mundinho das celebridades femininas fono-pornográficas. Ou seja, as pobrezinhas das rebolantes tupiniquins estiveram no lugar e no tempo errados.

Evite os idiotas

Publicado em 19/08/2005 (http://murronorim.blogspot.com/2005/08/evite-os-idiotas.html)

Uma coisa que eu detesto é argumentar contra idiotas. É praticamente nula a possibilidade de uma troca de idéias civilizada quando se discute com algum idiota. E claro, todas as argumentações e discussões são na verdade uma guerra pela razão. As partes envolvidas definem estratégias, jogam até que os argumentos do seu oponente acabem, e aí fica claro para ambos quem saiu vitorioso no embate de palavras, embora não haja necessidade de o perdedor se assumir como tal súbita e publicamente. A cara de bunda e o longo silêncio de quem não esperava por um argumento tão incisivo e direto falam mais alto. No fundo, ele sabe que perdeu e perder sempre é uma bosta, porque depois, se ele não for um idiota, ele com certeza vai ficar pensando no que poderia ter falado para fortalecer o seu ponto de vista, no que poderia ter replicado para desestabilizar o seu oponente, enfim, em muitos meios que fariam com que vencer a discussão fosse possível. Eu diria que vencer a discussão é mais fácil quando se argumenta contra alguém inteligente do que quando se argumenta contra um idiota. Além do idiota não entender muito bem o seu ponto de vista, ele não consegue montar uma base de argumentos sólidos para lançá-los contra você e por isso, na maioria das vezes, ele se apega a uma frase de efeito qualquer e fica repetindo esta até que os seus tímpanos estourem e que a sua paciência se acabe e por fim, você o atinge com uma ofensa pessoal, que é um evidente sinal de derrota em uma discussão. Fora isso, o mundo está repleto de idiotas, portanto ele provavelmente vai arrebanhar outros idiotas para o seu lado e fazer com que fiquem todos repetindo a mesma frase de efeito idiota e fora de contexto que ele já vinha repetindo, fazendo com que a sua raiva cresça exponencialmente e a ofensa pessoal seja dirigida aos berros descontrolados à horda de idiotas que o cerca. Então você sai pisando firme e fazendo gestos obscenos enquanto deixa pra trás asnos sorridentes, extasiados com a sua raiva. Moral da história: evite os idiotas

Como é bom ser homem

Publicado em 21/09/2005 (http://murronorim.blogspot.com/2005/09/como-bom-ser-homem.html)

Eu admiro as mulheres. Por muitos motivos (alguns bem óbvios), claro, mas principalmente pela trabalheira que elas têm para estarem adequadas aos exigentes padrões estéticos femininos. Elas se machucam fazendo a unha (sempre ouvi mulheres dizendo que as manicures tiravam “bifes” dos seus dedos sem nunca saber o que realmente significava aquilo) e sofrem ao se depilar com um plástico lambuzado com um líquido escaldante que seca na pele, grudando nos pêlos, que são arrancados sem dó. Aliás, é justamente nesses pequenos detalhes que se vê como a sociedade é machista. As mulheres continuam se depilando dessa maneira arcaica e nenhuma grande empresa (Polishop não conta, seus produtos não funcionam) se preocupou em diminuir o sofrimento feminino. E este sofrimento não para por aí. São dezenas de cremes e loções que devem ser usados diariamente em um ritual quase que religioso, cuidado excessivo com o cabelo e, francamente, eu já beijei mulheres com batom e brilho nos lábios para saber que aquela porcaria que deixa os lábios emborrachados incomoda bastante, não importa se vem com gostinho de morango, uva ou maçã. Reconheço que as mulheres sofrem, mas francamente, eu não gostaria de ver um tufo de pêlos debaixo dos braços da minha esposa toda vez que eu fosse abraçá-la, nem acordar nas manhãs de domingo e perceber que existem quatro pernas peludas na cama. Duas já bastam e que sejam as minhas. Tudo bem que maquiagem não é algo tão essencial, mas quando se trata de bigode, só pode haver um: o meu. Posso até estar soando meio machista (a quem eu quero enganar, eu sou mesmo meio machista), mas se tem algo que eu não gosto em mulheres são pêlos. Pêlos são sinal de testosterona e não quero andar por aí com mulheres com mais testosterona do que eu. Faço questão de ser o macho alfa. E eu pensei nisso tudo hoje, quando percebi que a minha barba está me incomodando e que eu preciso fazê-la. Faço a barba umas duas vezes por semana e já acho uma merda, vejam como é. E olha que, diferentemente da indústria da cera quente, a indústria do barbear evoluiu. O posicionamento das três lâminas do gilete que eu uso foi algo arduamente estudado e planejado para deixar o meu barbear macio. Como é bom ser homem.

Advogado do Diabo

Publicado em 20/10/2005 (http://murronorim.blogspot.com/2005/10/viva-o-povo-brasileiro-2.html)

Não sou do contra, como a minha família afirma. Apenas não me deixo enganar pela opinião de qualquer maioria. Venho, por meio deste post, defender George W. Bush. Não sou seu amigo, não nutro nenhuma simpatia por ele. Defendo-o pois me incomoda o fato de pessoas públicas e influentes do “intelectualismo” brasileiro como Arnaldo Jabor, por exemplo, tratarem o sujeito como um carrasco do bem-estar mundial. Acredito eu, que o governo de Bush se caracteriza muito mais por incompetência e idéias a meu ver retrógradas do que por más intenções. Ele foi incompetente, por exemplo, diante do socorro às vítimas do Katrina. Mas em dois dos aspectos que lhe rendem mais críticas, eu não acho que ele tenha agido mal. São eles:

1 – Guerra do Iraque: Não acho que ele tenha agido mal em declarar guerra ao Iraque. Saddam Hussein é um monstro malvado que deveria mesmo ter sido deposto a qualquer preço. Acho até engraçado que as mesmas pessoas que criticam Bush por ter declarado guerra ao Iraque não critiquem os aliados por terem declarado guerra ao eixo. É muita ingenuidade pensar que Churchil e os outros tinham somente a intenção de salvar o povo judeu, afinal, salvar o povo judeu veio como desculpa (e que bela desculpa, principalmente se for levado em conta que o anti-semitismo era moda na Europa naqueles tempos, vide caso Alfred Dreyfus, na França alguns anos antes) para frear o avanço tecnológico, comercial e bélico dos alemães. Trocando em miúdos, eliminar a concorrência. Toda a ação bélica da segunda guerra mundial foi motivada por dinheiro. Muitos até consideram absurdo que eu compare Hitler com Saddam, mas a única diferença entre os dois está no abismo de competência que os separa. Hitler era muito mais competente que Saddam, levou muito mais adiante as suas idéias loucas. Hitler perseguiu e matou milhões de judeus usando métodos de assassinato em massa. Saddam perseguiu e matou milhares de curdos, usando métodos de assassinato em massa. Hitler invadiu outros países com absoluto sucesso, tomando o poder em questão de dias. Saddam duelou com o Irã por 8 anos e depois invadiu o pequeno Kuait em busca de petróleo Por causa disso o seu povo sofreu com mais de uma década de sanções econômicas. Enfim, guardadas as devidas proporções, Saddam cometeu as mesmas atrocidades que mais marcaram a carreira político-diabólica de Hitler. Se os EUA invadiram o Iraque pensando no petróleo, pouco me importa. O que importa é que sujeitinhos como Saddam não imperem em canto algum do mundo, nunca mais. Eu aceito a desculpa Norte-Americana, assim como aceito a desculpa aliada e da mesma forma estou louco para que uma potência bélica arrume uma bela desculpa para invadir a Coréia do Norte e mais alguns poucos países. Prova maior de que o governo Bush é incompetente e não carrasco está no fato de não ser ampliado o contingente que garante a segurança no Iraque.

2 – Protocolo de Kioto: Não me surpreende que George W. Bush não tenha assinado o protocolo. Antes que surjam críticas de ativistas e bem-feitores em geral, eu não sou a favor da poluição que o protocolo tenta frear, tampouco do desmatamento de florestas e da extinção de espécies (embora eu deva admitir que me agrada a idéia da extinção dos pernilongos que não me deixam dormir). Quero ver o planeta em harmonia, people. Porém, é impossível atender às exigências do protocolo de Kioto mantendo o nível de desenvolvimento e consumo atingido nos EUA ou em qualquer país desenvolvido. Seria muito fácil para George W. Bush assinar o protocolo só por assinar (como fizeram os outros países potencialmente poluentes) e não tomar nenhuma medida eficaz para reduzir a poluição no planeta. Crescimento econômico nos nossos tempos significa poluir. Somos todos uns sujos poluidores quando aceleramos os nossos carros, usamos desodorantes spray que contém CFC e quando, rotineiramente, fazemos uso de milhares de coisas que poluem o planeta durante o seu processo de produção. Bush foi honesto quando disse que seria impraticável assinar o protocolo de Kioto e seguir com as nossas vidas modernas normalmente. Poluir não foi uma escolha de Bush, foi uma escolha nossa quando decidimos não mais usar carroças para nos locomover e viver medievalmente. Ele foi a voz do povo, não reclamem. E não adianta falar que ele poderia comprar as “cotas de poluição” de países pobres porque, além de ser uma das coisas mais ridículas que eu já ouvi, condenaria os países pobres a uma pobreza eterna. A maneira mais eficaz de se combater a poluição do planeta e o aquecimento global é investir em novas pesquisas, que buscam fontes alternativas de energia, coisa que os EUA fazem mais do que qualquer outro país do mundo. E tenho dito.

Regina, eu te odeio!

Publicado em 09/02/2006 (http://murronorim.blogspot.com/2006/02/regina-eu-te-odeio.html)


Alemanha, 2006. Este será o cenário do maior evento esportivo do ano, a Copa do Mundo de futebol. Trinta e duas seleções disputarão a taça, apenas um capitão irá erguê-la no final da competição. Em 2002 esse homem de muita sorte foi Cafu. Eu gosto do Cafu. Acho um bom lateral, não sou nem tão contra assim a sua condição de titular da seleção. Difícil para mim é concordar com o fato de Cafu ser o capitão da seleção brasileira. Pra começar, já não se vê liderança alguma de Cafu dentro do campo. Não é um jogador que fala, não puxa um time pra frente. Não é um líder. Por fim, Cafu é um egoísta. Cafu é um paspalhão. Jamais vou perdoar o gesto de Cafu ao erguer a taça em 2002. Aos olhos dos mais desatentos, Cafu foi um romântico. Aos meus olhos, Cafu foi um idiota. As palavras dele segundos antes de levantar o troféu foram “Regina, eu te amo!!”. Cafu usou os holofotes do mundo, usou a condição de capitão da seleção brasileira, usou o suor de seus companheiros para homenagear a sua amada esposa no momento mais impróprio. Talvez ele tenha se esquecido que a taça em si não é dele. É do povo brasileiro, que torce como nenhum outro para o sucesso da sua seleção. É do povo que pára totalmente suas atividades quando há jogo do Brasil na copa do mundo. É do povo a taça, não de Cafu. Em momentos como estes, que se repetiram para a nossa seleção mais do que para qualquer outra do mundo, foram exemplares os capitães Bellini, Mauro e Carlos Alberto Torres. Levantaram a taça com o respeito necessário a esta ocasião. Até mesmo Dunga fez muito melhor do que Cafu. Pra quem não se lembra, as palavras de Dunga ao levantar a taça foram “É nossa, porra!” e um mais velado “É pra vocês, seus traíras”, em um desabafo destinado ao povo brasileiro. É incontestável que a seleção tetracampeã do mundo foi a que saiu do Brasil com o maior índice de rejeição da história. Ninguém acreditava na seleção de Parreira em 94, todos os jogadores (exceto Romário), especialmente Dunga, cujo fracasso na copa de 90 ficou conhecido como “a era Dunga”, eram duramente criticados. Dunga chamou o povo brasileiro de traíra, mas em momento algum ele pensou que aquele momento fosse seu. Aposto que sequer passou pela sua cabeça ser o protagonista de algo lastimável como o gesto de Cafu. Até mesmo por respeito a todos os outros que usaram a braçadeira de capitão da seleção mais vitoriosa do planeta em copas do mundo, Cafu não merece ser o capitão. Ele ama Regina, não ama a pátria.

Minha visão sobre Céu e Inferno

Publicado em 08/04/2006 (http://murronorim.blogspot.com/2006/04/minha-viso-sobre-cu-e-inferno.html)

Algumas pessoas ficam chocadas quando digo que venderia a minha alma ao capeta para assistir a um show do Led Zeppelin na sua formação original (o que não é mais possível, o baterista morreu no começo da década de 80). Perguntam-me se eu não tenho medo de arder no mármore do inferno. Ora, pra começar, eu jamais falaria isso se realmente acreditasse que, assim que terminadas as minhas palavras, o demônio fosse surgir na minha frente com um contrato na mão, escrito em letras miudinhas, que eu assinaria sem ler. E eu digo mais: eu não acredito no satanás. Não acredito no inferno do jeito como ele é descrito. Na minha concepção, as coisas funcionam de uma maneira diferente após a morte. É claro que os pecadores não ficam no mesmo lugar dos embaixadores da paz. Eu imagino o Paraíso com três divisões, cujo nível dos freqüentadores varia conforme a sua bondade em vida. A primeira divisão é formada por quem Deus quer lá, independente da bondade da pessoa. Quem manda é Ele e não é necessário dar satisfações a ninguém. Jesus Cristo está lá, assim como os apóstolos, o casal Maria & José, anjos, gente que Deus acha útil para o andamento do Paraíso, etc. A segunda divisão é formada por pessoas MUITO boas, como Madre Tereza de Calcutá, por exemplo. A terceira divisão é formada pelos bonzinhos, que cometeram lá seus pecados, mas não foi nada grave. E aí você me pergunta: e quanto aos pecadores, aqueles que se dedicaram a foder os outros durante a vida sem se importar com o que vinha depois? Eu acho que estes nascem de novo, pra tentar novamente, a sorte aqui na terra. Aí varia de cada um pra cada um. Quem quase conseguiu entrar na terceira divisão, mas escorregou em alguns detalhes, nasce de novo em algum país escandinavo ou qualquer principado europeu. Quem foi mais ou menos, não chegou muito perto e nem ficou muito longe, nasce de novo em um país mais ou menos, algo parecido com Portugal, quiçá o Chile. E quem tocou o puteiro na outra vida nasce em um país de merda. Coréia do Norte, Cuba, Irã e uma meia dúzia de países africanos são, hoje em dia, os maiores castigos que um filho da puta pode receber. A lista de países varia de tempos em tempos. O que hoje é a Coréia do Norte, outrora foi a China. Essa é a minha visão de inferno. Não existe o tinhoso, somos todos administrados pela bondade do Senhor, que ao invés de nos condenar, por pecados cometidos em uns poucos anos de vida, a uma eternidade em um lugar quente, feio, fedido e onde maus-tratos físicos são regra, nos dá outra chance para sermos bonzinhos, ao menos uma vez, para entrar para o Céu, onde tudo é legal e as coisas que você quer se materializam assim que desejadas, com restrições feitas a quem está na terceira divisão. E mesmo quem consegue chegar à terceira divisão, tem o direito de tentar de novo, entrar para o seleto grupo da segundona, voltando a Terra e ainda escolhendo onde quer nascer, veja só. Tudo muito organizado, tudo muito bom, tudo muito legal. Agora a conclusão: seja bonzinho, você não sabe a merda que é viver na Coréia do Norte. Aqui se faz, aqui se paga, nem que seja em outra vida, mané.

Preconceito Reverso

Publicado em 28/04/2006 (http://murronorim.blogspot.com/2006/04/preconceito-reverso.html)

Já não é de hoje, eu venho observando isso que eu chamo de preconceito reverso: antigas minorias oprimidas se voltam contra seus opressores, discriminando e estereotipando aqueles que outrora lhes discriminaram. São casos como o do chefe negro só contratar outros negros para cargos de chefia (visto no canal de televisão que Netinho montou ou pretende montar, não sei a quantas anda o seu projeto), o rapper favelado ter ódio pela Daslu ou o nordestino detestar o paulista (como aconteceu aqui no blog). Preocupa-me esse tipo de preconceito justamente porque ninguém o vê com maus olhos, como deveriam ser vistos, inventando uma guerra classista, onde só a minoria tem liberdade para agredir. Ninguém julga o Marcelo Yuka por ter dito o que disse sobre a Daslu, ninguém julga a baiana que entrou aqui pra falar que eu sou “daqueles paulistinhas, de classe média que senta a bunda na poltrona e acha que está mudando o mundo num tecle”. Eu não sou paulista, moro em São Paulo há quase dois anos e antes disso morei em Salvador por mais de quatro anos. Já cansei de ver baianos se referindo a paulistas de maneira pejorativa assim como já vi paulistas se referindo a baianos da mesma forma. O que às vezes confunde e incomoda (não digo que totalmente sem razão) é que aqui em São Paulo, o "baiano" é uma gíria, não expressando necessariamente preconceito ao grupo de pessoas nascidas na Bahia. Morei também no Rio de Janeiro e posso dizer que o “baiano” daqui de São Paulo é equivalente ao “paraíba” de lá, sendo que a última não é vista como preconceito regional. Sustenta a minha tese o fato de esta gíria ser usada pelos garotos de Malhação sem que isso se transforme em um escândalo. Outra coisa que pude perceber nas minhas andanças pelo Brasil é que, quando o baiano fala mal do paulista, ele encontra com facilidade outros baianos igualmente raivosos e igualmente instruídos para defendê-lo no seu ponto de vista preconceituoso, como se preconceito fosse só o ato praticado daqui pra lá ou como se preconceito se combatesse com mais preconceito. Já cansei de ter que me defender de bandos que atacavam o estilo de vida “sulista”, representado pelo paulista, mesmo sendo eu nascido em Minas Gerais, um estado neutro nessa celeuma. Não sou um defensor do manual do politicamente correto, não mesmo! Mas é muito fácil de identificar pra quem ouve ou pra quem lê o que é preconceito e o que é brincadeira. Acho o preconceito, quaisquer que sejam os atingidos, abominável e concordo com a punição que é dada a este crime no Brasil. Mas acho também necessário que a sociedade comece a ficar atenta àquilo que eu chamo de preconceito reverso, que dá margem ao re-estabelecimento de velhos preconceitos oriundos da maioria, alguns maciçamente superados, colocando grupos em lados opostos, gerando uma guerra social (desculpem se eu soei meio “MST” nessa última afirmação). E eu acho que ninguém quer isso.

Olá! (II)

Seguindo o exemplo do sempre polido, gentil e educado Cabelo, achei conveniente incluir um post para dar as boas-vindas aos visitantes (se é que alguém - além de minha família - vai se dar ao trabalho de entrar aqui nesse espaço tão particular e tão público ao mesmo tempo). Só que, diferentemente do Cabelo, esse sujeito cabeludo e chato - mas educado! -, não vou encher lingüiça (o trema caiu ou não?) com posts antigos. Se alguém quiser fique à vontade para ir até o blog do Véio Gagá ver o que já foi publicado. Aproveito também para dizer que aquele blog continuará a ter alguns posts, sobre assuntos que não necessitam ser tratados aqui.
Sendo assim, sem mais delongas, bem vindos!

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Olá

Olá e bem vindos. Estamos começando um novo projeto de blog, escrito a quatro mãos. Tanto eu quanto o Véio tínhamos problemas em manter nossos antigos blogs atualizados, por falta de tempo ou de assunto mesmo. Mas agora são duas cabeças pensando em coisas novas e dividindo as tarefas, o que certamente ajudará a não deixar com que este blog caia no esquecimento como os nossos outros.
A princípio, antes de despejar sobre vocês as muitas idéias que eu tive durante esse um ano e meio sem escrever, vou postar aqui alguns dos meus textos (acho que o Véio vai fazer o mesmo) que gosto mais e estavam no antigo blog. A idéia é que as isso funcione como uma carta de apresentação.
No mais, espero que gostem do novo blog e aproveitem a leitura.

 
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